terça-feira, 14 de julho de 2009

Editorial

Eu sou daqueles que vejo nas crises oportunidades para repensar estratégias e comportamentos; dito de outra forma, as dificuldades e os problemas quando sentidos compreendidos e analisados, devem ser ocasiões para mudanças. Sei que há pessoas que nestas circunstâncias preferem meter a cabeça na areia e pensar, até acreditar, que o mal não está neles, mas em tudo o que os rodeia.
A história ensina-nos que quem assim pensa e assim age, tem fim próximo e, geralmente, triste.
O país enfrenta uma situação económica, financeira e social de que não há, verdadeiramente, conhecimento, por causa das próximas eleições.
O governo tenta esconder ao máximo a realidade em que vivemos e a oposição, também, com medo de assustar os eleitores, poupa o cenário real de que só teremos conhecimento após as eleições. A cena vai repetir-se, agora, como há quatro anos. O partido vencedor elaborará um orçamento rectificativo, que já devia estar feito e em execução, vai pedir a uma instituição, tipo Banco de Portugal, um relatório sobre o real défice e depois…apresenta-nos a factura. Negra. Muito negra.
Este foi o caminho seguido por Sócrates há quatro anos, para fugir a baixa de impostos, mas vai ter continuadores. Tristemente. Os nossos líderes políticos parece não terem, melhor, não quererem perceber que o Mundo, mudou e muito. Hoje, por mais que nos queiram esconder, a internet, os arquivos digitais e outros instrumentos tecnológicos, conseguem em poucos minutos, dar-nos a conhecer dados e informações que o governo esconde ou pretende esconder. Há hoje demasiada facilidade e superficialidade na forma como os políticos comunicam connosco. O melhor e mais triste exemplo disto foi a atitude, pública, de José Sócrates e do negócio da PT/TVI.
Num primeiro tempo, Sócrates desconhecia o negócio, a seguir dizia que era assunto entre instituições privadas, e nisso, o governo não se metia para, finalmente, o governo mandar vetar, melhor, proibir, o negócio, o tal em que o governo não se metia e desconhecia. E o negócio não se fez.
E agora a TVI continuará, ou não, a sua linha editorial? Mas que foi avisada, lá isso foi. Era o que se pretendia? As quebras de confiança na vida e na política, costumam sair caras. As pessoas que estão investidas em cargos públicos deveriam, sempre que falam em público, e para o público, ter o maior cuidado e rigor nas palavras que usam. Nunca deveriam esquecer que são tomadas por pessoas de confiança e que falam a verdade.
Isto, nestes tempos, aplica-se principalmente aos políticos e aos banqueiros. A crise que os bancos atravessam devia obrigá-los a reflectir, que os bancos são as instituições a quem entregamos o esforço do nosso trabalho e o sacrifício das nossas poupanças.
O castigo para estas faltas deveria ser exemplar: castigo político, nas eleições e castigo jurídico, nos tribunais. Nos estados Unidos o tristemente célebre Bernard Madoff foi condenado a 150 anos. Nos Estados Unidos se um aluno for apanhado a copiar um teste na universidade é de imediato expulso, e corre o risco de não poder frequentar qualquer escola de ensino superior.
É exagero? Talvez, mas sempre foi o medo que guardou a vida. Melhor será, que seja guardada por convicção, menos bom, se for por medo…mas o importante é que a vinha seja poupada.

Vilela Araújo (Presidente da Mesa da Assembleia Distrital dos TSD - PORTO)

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